sexta-feira, 26 de julho de 2013

Palestra do prof. Vinicius Lousada (vídeo)

Para assistir à gravação da palestra
"Espiritismo, do que se trata mesmo?"
proferida em 27-07-2013 pelo Prof. Vinícius Lima Lousada, 
clique no link abaixo: 
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domingo, 7 de julho de 2013

Entrevista com a psiquiatra Elisabeth Kübler Ross (tanatóloga)


A Dra. Elisabeth Kübler-Ross (1926–2004) estudou Medicina em Zurich (Suíça), onde se formou. Em 1963 ocupou o cargo da Cátedra de Psiquiatria em Denver/Colorado (EUA). Desde então dedicou sua vida ao estudo da morte como fenômeno humano e social, entrevistando milhares de moribundos e avaliando os resultados segundo uma rigorosa metodologia científica desenvolvida por ela mesma. Seu primeiro livro, “Sobre a Morte e o Morrer”, publicado em 1969, se converteu em um best seller internacional de referência obrigatória para os especialistas em matéria de Tanatologia. A renomada psiquiatra, tanatóloga, escritora e pesquisadora, em 1991 já havia recebido 28 títulos Honoris Causa concedidos por universidades de todo o mundo.
A renomada tanatóloga suíça entrevistou milhares de pessoas que, depois de estarem clinicamente mortas, voltaram à vida. De suas experiências extraiu uma reconfortável conclusão: a morte é uma experiência doce e positiva.

Transcrevemos a seguir a entrevista concedida em 1991 à revista espanhola “Muy Especial”

Pergunta: Professora Kübler-Ross, você conversou com mais moribundos do que qualquer outra pessoa no mundo. Se alguém sabe sobre o que para nós significa a morte, esse alguém é você. Poderia dizer-nos o que é a morte?
Kübler-Ross: Efetivamente, tive ocasião de falar com mais de 20.000 enfermos desenganados e também com muitos ressuscitados, pessoas clinicamente mortas às quais se conseguiu reanimar. Por isso a morte é algo muito natural para mim. E, depois de mais de vinte anos de investigação, cheguei à conclusão de que Aa morte não é o fim da vida senão uma transição para outra vida. Depois da morte a vida segue, mas de outra maneira distinta.
Pergunta: Como devemos imaginar esta transição?
Kübler-Ross: Sempre recorro ao exemplo da larva da borboleta em seu casulo. Quando a larva, a falta de vitalidade, esgota seu tempo, deixa de existir como tal para converter-se em uma borboleta. Tudo isto é simbólico, claro.
Pergunta: Poderia nos explicar com uma linguagem um pouco menos simbólica?
Kübler-Ross: Quando ao corpo falta a vitalidade, a alma o abandona. Sai do corpo, mas continua viva: continua crescendo, continua trabalhando, continua relacionando-se com as demais. Depois de mortos fisicamente, conservamos uma personalidade muito similar à que tínhamos quando vivos.
Pergunta: Significa isto, em sua opinião, que nossa alma é imortal?
Kübler-Ross: Sim, a alma é imortal. Nada nem ninguém a pode aniquilar.
Pergunta: Você se fez famosa, mais por seus estudos sobre a psicologia do moribundo, por suas investigações acerca dos caminhos que levam ao Mais Além. Sabemos que tem recopilado e avaliado milhares de ressuscitados. Que experimentaram estas pessoas ao morrer? Existem coincidências?
Kübler-Ross: Todos os casos são distintos, como é lógico. Mas há certos fatores que se repetem em todas as culturas e religiões. A principal coincidência é que todos descrevem sua morte como uma experiência doce e positiva. A maioria dos ressuscitados eram conscientes de encontrarem-se no umbral da morte. Logo, de repente saíam de seu corpo. Muitos puderam observar-se a si mesmos, ou melhor dizendo, a seus corpos, prostrados na cama do hospital, na sala de cirurgias de urgência ou presos entre os restos dos carros acidentados, conforme onde lhes havia sobrevindo a morte...
Pergunta: Um momento, por favor. Como funciona isto, como abandona a alma o seu corpo?
Kübler-Ross: Depende. Mas em regra geral é como um sopro de ar. Puft! E já está! Às vezes nem sequer nos damos conta do processo. Muitos enfermos me disseram que de repente se surpreendiam a si mesmos flutuando no ar, sobre seu próprio corpo, perto de teto da habitação.
 Pergunta: Em que momento se produz o abandono? Quando já não se registram ondas cerebrais e a curva do eletroencefalograma fica plana?
Kübler-Ross: Não, não tem nada a ver com as ondas cerebrais. O instante do No caso de um acidente de tráfego, pode ser que a alma saia do corpo já antes do choque.
 Pergunta: Em certa ocasião você mesma esteve a um passo da morte, não é assim?
Kübler-Ross: Ocorreu no apartamento da minha irmã, em Basilea, enquanto fazíamos a refeição matinal. De pronto soube que ia morrer. Fui consciente de que sucederia nos próximos dois segundos, mas não me assustei, nem tampouco me senti triste ou decepcionada. Pelo contrário. Estava entusiasmada, embora também surpreendida pelo que me fora tocada de súbito. Tive tempo de pensar em meus projetos, em todas essas coisas que deixaria sem fazer nesta vida. Logo me sobreveio uma onda quente que subia de baixo. Começou nos dedos dos pés e inundou todo meu corpo. Fantástico! Me sentia completamente feliz. Também pensei que teria que contar à minha irmã tudo o que estava experimentando ao morrer, com o fim de dispor por uma vez de um testemunho direto.
 Pergunta: Chegou você a descrever realmente o processo da morte?
Kübler-Ross: Pois, sim. Mas não foi fácil. Durante minha morte passaram tantas coisas em tão pouco tempo, que não pude relatá-las com a suficiente rapidez. Fiz o que pude. Tive que descrever o lado físico, o emocional, o intelectual e o mental de minha experiência, até que soube chegado o momento em que minha alma deixaria meu corpo. Tive a impressão de estar deslizando a grande velocidade por um trampolim de salto de esqui. E o que fazer justo antes de chegar ao final, justo antes do vazio, era adotar a postura correta para dar o grande salto. Pelos muitos testemunhos que havia estudado, assim como por minhas próprias experiências extracorporais, sabia que, adotando a postura correta, poderia voar.
No momento da decolagem, me deu tempo de gritar: “Lá vou!” Pelo menos assim me contou depois minha irmã. O que percebi naquele momento foi algo assim como um relâmpago, uma descarga. Foi maravilhoso: me sentia no céu. Logo perdi a razão. Quando recobrei o sentido estava tombada sobre a mesa, com o café derramado e a floreira feita pedaços no solo. Minha irmã, completamente lívida, queria levar-me ao hospital, mas neguei-me. Já estava de volta ao meu corpo, sã e salva.
 Pergunta: A que se referia com o segundo nível de que queria você livrar-se?
Kübler-Ross: Torna-se muito difícil explicar, mas tentarei. Estando em nosso corpo, nos encontramos no primeiro escalão, o físico. É o nível da consciência. Com a morte fisiológica, a alma ascende ao segundo nível, onde não existe o tempo e nem a distância. Aqui temos a faculdade de perceber, que é um passo a mais além da consciência: a alma pode ler o pensamento dos vivos, pode deslocar-se com a velocidade da luz e ainda mais depressa, pode estar em muitos lugares ao mesmo tempo e pode, enfim, fazer qualquer coisa que as limitações da nossa existência terrena nos impedem. Neste nível só aparecem seres queridos já falecidos ou figuras boas religiosas, como o anjo da guarda ou a Virgem Maria, se é que somos católicos.
Estes espíritos procedentes do outro lado nos tranquilizam com sua presença e nos guiam até o seguinte escalão. Todavia no segundo nível a alma também vive todas as projeções e sombras que leva dentro, o qual pode chegar a ser muito desagradável. Se alguém teme o Diabo, vai levá-lo. Aqui no segundo nível não se livrará de sua angústia.
 Pergunta: Mas no terceiro nível tais problemas desaparecem, não? É ali onde está essa luz da qual você nos falou, o Mais Além?
Kübler-Ross: Sim. Mas o Mais Além, não é um lugar: é uma forma de existência, é energia psíquica em estado puro. É amor. E nessa comunhão de amor, de posse do conhecimento pleno, vivem as almas, os espíritos, embora de certo modo continuem conservando uma espécie de personalidade própria.
 Pergunta: Continuam as almas do Mais Além presentes no mundo terreno?
Kübler-Ross: Se tivermos assuntos pendentes aqui, por exemplo, filhos pequenos ou se a família não está preparada para aceitar nossa perda, então podemos vir dar uma olhadinha de quando em quando. Todavia as almas no Mais Além têm seus próprios assuntos a resolver, pelo que cada vez se vão desprendendo mais deste mundo terreno.
 Pergunta: Quais são esses assuntos?
Kübler-Ross: Todos temos uma missão na vida, e se não a conseguimos completar aqui na Terra, teremos que continuar trabalhando, espiritualmente, entenda-se, no Mais Além.
 Pergunta: Você está convencida de que o Mais Além existe de verdade?
Kübler-Ross: Sim, absolutamente. 
(Extraído da revista espanhola “Muy Especial”, de janeiro de 1991, nº4, traduzida por Teresinha Colle)