932. Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?
Resposta - “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos.
Quando estes o quiserem, preponderarão.”
(Item d'O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, 1857)
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Diante do sofrimento das massas humanas, nos
mais diferentes sistemas governamentais pelo mundo, destaca-se a injustiça
social que responde pela miséria de diversas expressões que se expande
terrivelmente...
As promessas antes das eleições nos governos
democráticos fascinam as multidões, especialmente aquelas que são menos
aquinhoadas pelo conhecimento, que se rebolcam nos guetos em que se encontram
ou nas ruas apinhadas, mas logo passa o período das eleições e são arquivadas.
Homens e mulheres que se apresentavam com posturas confiáveis e com discurso
lúcido, chegando ao poder permitem-se corromper pelos vícios existentes e
esquecem-se do povo que os elegeu.
Invariavelmente preocupam-se com os programas
dos partidos aos quais pertencem, com os grupos a que se vincularam e repartem
entre eles as fatias saborosas do poder, preservando tudo aquilo quanto
combatiam com vigor.
...E a miséria prossegue em liberdade
ameaçando ou aniquilando as esperanças de melhores dias.
No Império Romano, por exemplo, a grande
preocupação de alguns poderosos era distrair os desocupados, entenda-se: os sem
teto, os sem trabalho, os sem direitos de cidadania com o panem et circenses,
com o que os divertia, a fim de que esquecessem o abandono a que eram
relegados, dando lugar a espetáculos de hediondez que ficaram célebres na
memória da História...
Infelizmente, ainda hoje o expediente nefando
é utilizado por alguns governos insensíveis que oferecem circo e nem sequer
ofertam pão...
O clamor da miséria, no entanto, é muito
poderoso, e foi esse estado que se responsabilizou pela Revolução Francesa de
1789 e inúmeras outras, culminando, na atualidade, com a denominada Primavera
Árabe, que vem tentando retirar do poder verdadeiros sicários dos seus países.
As injustiças sociais não são resolvidas com
migalhas, com soluções apressadas em decorrência do medo, quando passam de
vítimas a ameaçadoras, mas através de leis nobres e bem aplicadas.
Divaldo Pereira Franco
(Jornal A Tarde – Salvador/BA - 08/07/2013)
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Quando as injustiças sociais atingem o clímax e a indiferença dos governantes pelo povo que estorcega nas amarras das necessidades diárias, sob o açodar dos conflitos íntimos e do sofrimento que se generaliza, nas culturas democráticas, as massas correm às ruas e às praças das cidades para apresentar o seu clamor, para exigir respeito, para que sejam cumpridas as promessas eleitoreiras que lhe foram feitas...
Já não é mais possível amordaçar as pessoas, oprimindo-as e ameaçando-as com os instrumentos da agressividade policial e da indiferença pelas suas dores.
O ser humano da atualidade encontra-se inquieto em toda parte, recorrendo ao direito de ser respeitado e de ter ensejo de viver com o mínimo de dignidade.
Não há mais lugar na cultura moderna, para o absurdo de governos arbitrários, nem da aplicação dos recursos que são arrancados do povo para extravagâncias disfarçadas de necessárias, enquanto a educação, a saúde, o trabalho são escassos ou colocados em plano inferior.
A utilização de estatísticas falsas, adaptadas aos interesses dos administradores, não consegue aplacar a fome, iluminar a ignorância, auxiliar na libertação das doenças, ampliar o leque de trabalho digno em vez do assistencialismo que mascara os sofrimentos e abre espaço para o clamor que hoje explode no País e em diversas cidades do mundo.
É lamentável, porém, que pessoas inescrupulosas, arruaceiras, que vivem a soldo da anarquia e do desrespeito, aproveitem-se desses nobres movimentos e os transformem em festival de destruição.
Que, para esses inconsequentes, sejam aplicadas as corrigendas previstas pelas leis, mas que se preservem os direitos do cidadão para reclamar justiça e apoio nas suas reivindicações.
O povo, quando clama em sofrimento, não silencia sua voz, senão quando atendidas as suas justas reivindicações. Nesse sentido, cabe aos jovens, os cidadãos do futuro, a iniciativa de invectivar contra as infames condutas... porém, em ordem e em paz.
* Fonte: http://atarde.uol.com.br/materias/1512342