sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Ponderações sobre a Fé


“A intenção predominante de Jesus (...) foi libertar os homens do jugo do dogma e excluir dos corações o espírito da dúvida que obsidia os relutantes, os indecisos e os que não sabem donde vieram, quem são e para onde vão”
(Cairbar Schutel, no preâmbulo do seu livro “Parábolas e ensinos de Jesus”)
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PONDERAÇÕES SOBRE A FÉ

Vinícius Lousada[1] 

“O Espiritismo estabelece como princípio que antes de crer é preciso compreender.”  
(Allan Kardec)[2]

  Do ponto de vista kardequiano, a fé pode ser compreendida como a confiança que o ser humano tem em suas próprias forças para a realização de determinada coisa, superando os obstáculos das dificuldades, da má vontade e das resistências. 
      Com fé em seus objetivos nobres e no próprio potencial o indivíduo faz-se capaz de mover “montanhas” como os “preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas”[3] que, ainda, procuram interpor-se ao progresso da humanidade. 
    A fé, segundo o estudo proposto pelo mestre Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, igualmente tem por significado a confiança que se tem na realização de algo, de tal modo que, pelo pensamento, se pode conceber antecipadamente a sua efetivação e os meios para tanto. Nesse caso, essa fé-confiança dá ao indivíduo tranquilidade na realização de seu tentame e favorece o êxito. 
     Todavia, Kardec não deixa de caracterizar a concepção de fé a qual ele se refere como calma e geradora de paciência porque se apóia “na inteligência e na compreensão das coisas”[4], bem diferente do que ele chama de fé vacilante, aquela que se ressente de sua própria fragilidade e, motivada pelo interesse, torna-se violenta em uma tentativa irracional de suprir a força que lhe falta. 
Aliás, isso de alguma forma explica os fenômenos contemporâneos de terrorismo religioso onde, em nome de uma interpretação muito particular da doutrina do Islã, infelizes irmãos integrantes do Talibã se autorizam a explodir escolas no Paquistão[5]. Trata-se de manifesta declaração da insustentabilidade de suas convicções mediante uma postura fundamentalista frente ao raciocínio e uma resposta obscurantista à liberdade de pensar, corolário do fim da escravidão humana de outros tempos. 
Para Kardec, a fé não combina com a presunção e nem com a violência. A fé deve ser humilde porque, sendo raciocinada, compreende os seus limites e reconhece a sua fortaleza na vontade de Deus, “a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”[6] 
A fé presunçosa denota orgulho, imperfeição humana que produz a cegueira intelectual e moral. O orgulhoso fecha-se em si mesmo e crê-se com mais luzes que os outros. Ele cerra os ouvidos ao diálogo e às opiniões contraditórias às suas crenças, desvalorizando a oportunidade de aprender com a leitura do outro sobre as suas convicções pessoais e, quem sabe, robustecer serenamente a própria fé. 
Do ponto de vista teológico, segundo Kardec, a fé costuma ser concebida como a crença em dogmas especiais que constituem, desse modo, as mais diferentes religiões no mundo. 
Dessa perspectiva, a fé pode ser raciocinada ou cega. A fé cega consiste naquela em que o crente não se ocupa de verificar pela lógica o objeto de sua crença que, muitas vezes, choca-se com as evidências que os fatos lhe apresentam, tanto quanto colide frontalmente com o uso da razão.
A fé cega tende a produzir fanatismo, onde cada crente teria a pretensão de que a sua religião deteria todo o conteúdo das verdades espirituais da vida. O fanatismo, por sua vez, como erro de percepção do cosmo e das Divinas Leis, tende a degenerar em intolerância e violência, como no exemplo assinalado anteriormente.
Por outro lado, a fé raciocinada mantém a liberdade de pensar como premissa de sua efetividade, ela se fortalece no raciocínio sem preconceitos e no livre-exame proporcionado pela dúvida que investiga. Nesse sentido, a fé racional não teme o progresso intelectual da coletividade, muito pelo contrário, a sua capacidade de “encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”[7] é condição que a mantém inabalável, como ensinou o insigne codificador do Espiritismo. 
É de bom alvitre que recordemos que a fé não pode ser prescrita ou imposta a um indivíduo. No que tange aos valores espirituais básicos é uma aquisição pessoal amadurecida a cada reencarnação do Espírito, atualizada sob a influência de questões socioculturais, contudo, é uma questão de foro íntimo. 
Por fim, entendamos que a fé, para ser raciocinada, demanda que o seu ponto de apoio se estabeleça na compreensão clara e prefeita daquilo em que se crê, ou seja, em um método de raciocínio que se sustente em um sentido lúcido e profundo para a crença, no exame rigoroso dos fatos inerentes aos princípios filosóficos da escola de fé abraçada, sem deixar margem a nenhum mistério ou superstição. 
Em matéria de crença aceitemos somente o que é inteligível à razão e, caso alguém queira nos impor uma fé cega, lembremo-nos da recomendação do Mestre Jesus a dizer-nos em seu Evangelho “Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.”[8]


[1] Educador, escritor e palestrante espírita. Contatos: vlousada@hotmail.com.
[2] Revista Espírita de Fevereiro de 1867, Livre pensamento e livre consciência.
[3] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 2.
[4] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 3.
[6] O Livro dos Espíritos, questão 1.
[7] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 7.
[8] Mateus 15:14.

Pintura mediúnica na TV

O médium Lívio Barbosa foi entrevistado no quadro "Dom Especial" do programa "TV Xuxa" da famosa apresentadora e entrevistadora Xuxa Meneguel, tendo sido filmado em transe mediúnico em que produziu várias telas atribuídas aos espíritos de grandes pintores desencarnados. O paranormal brasileiro, que costuma doar suas produções psicopictográficas,  declara-se adepto da doutrina espírita. 

Para assistir ao vídeo, clique no link abaixo:

domingo, 22 de janeiro de 2012

Divaldo Franco entrevistado na TV Globo

Assista à entrevista concedida pelo médium e educador espírita Divaldo Pereira Franco a Ana Maria Braga,  apresentadora do programa "Mais Você" da Rede Globo, para tanto basta acessar os vídeos abaixo lincados, sendo que o primeiro traz informações básicas sobre o que é, de fato, o Espiritismo. 




domingo, 15 de janeiro de 2012

Palavras do Presidente do IETRD


Palavras do presidente no fecho do relatório das atividades do Instituto em 2011, aprovado na assembléia geral de 14/01/2012:

“O livre-pensamento eleva a dignidade do homem, dele fazendo um ser ativo,
 inteligente, em vez de uma máquina de crer”
( Allan Kardec, na RE, fev/1867 )

É hora de agradecer!

Ao comemorarmos o 80º aniversário de fundação de nossa associação, queremos, em primeiro lugar, registar nossos agradecimentos aos pioneiros e demais colaboradores que, ao longo de oito décadas, envidaram esforços para manter este pequeno instituto ativo e atuante no atendimento à sua finalidade precípua: o estudo e a divulgação da doutrina espírita, tal como codificada por Allan Kardec. Que recebam, os tarefeiros que nos antecederam, as vibrações de nossa gratidão, nossos votos de que sejam felizes onde hoje estiverem, aqui ou além, e nosso pedido que continuem colaborando na obra associativa tanto, quanto e como for possível a cada um.

Agradecemos igualmente aos atuais associados, e aos demais colaboradores, encarnados e desencarnados, aos quais se deve creditar o bom andamento das atividades institucionais registrado no ano que ora se encerra. Que possamos continuar unidos pelo ideal de fraternidade ínsito no ideário espírita que, como sabemos, reprisa os ensinos de Jesus interpretados em espírito e verdade.

Devemos agradecer também às pessoas que prestigiaram a “Semana comemorativa” do aniversário do IETRD: aos palestrantes, ao tenor e à pianista, aos frequentadores convidados, e, mui especialmente, ao coidealista Maurice Herbert Jones (formatador do material de divulgação) e a Moisés Junior (diagramador do folder), bem como aos colaboradores que atuaram anonimamente nos bastidores do exitoso evento.
Finalmente, rogamos à Espiritualidade Superior que continue a amparar e inspirar os dirigentes e demais associados e colaboradores do IETRD, a fim de que não nos falte a coragem moral indispensável ao lidador espírita que busca vivenciar aquela Verdade libertadora prenunciada por Jesus.

Porto Alegre (RS), 14 de janeiro de 2012.
Aureci Figueiredo Martins, presidente

Amar ao inimigo (Gérson S Monteiro)


Amar a quem tudo fez por não merecer

Gerson Simões Monteiro* - RJ

Uma leitora pede-me ajuda para perdoar um familiar que ela tanto auxiliou e que feriu seu coração, e disse em sua carta que não tem forças nem argumentos para perdoá-lo.
A resposta ao seu pedido, prezada leitora, você vai encontrar na recomendação de Jesus no Sermão da Montanha, anotado por Mateus (5: 44): amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam; e orai pelos que vos perseguem e caluniam.
O que Jesus quis dizer nessas recomendações é que não devemos guardar ódio, rancor, e nem desejo de vingança para com os inimigos. Significa que devemos perdoar-lhes sinceramente o mal que nos causaram, e não colocar obstáculos quando eles desejarem a reconciliação. O que o Mestre propõe ainda, no “amor aos inimigos", é que desejemos o bem deles e que fiquemos felizes quando alguma coisa boa acontecer com eles.
Este ensino de Jesus significa, também, que devemos socorrer os adversários quando eles precisarem de nós. A esse respeito, certo amigo me contou que um colega de trabalho, através de calúnias, ocasionou a sua dispensa da empresa por justa causa. Ele, ao invés de revoltar-se com a injustiça sofrida, passou a orar em favor do infeliz colega. Felizmente, logo depois conseguiu emprego, como chefe do Departamento de Pessoal de uma fábrica. 
Anos depois, certo homem, muito deprimido, pede emprego no seu departamento dizendo que precisava trabalhar, pois a família estava passando fome.
Nisso, reconheceu o ex-colega caluniador, mas fingiu não conhecê-lo. Procedeu normalmente na entrevista e fez tudo para empregá-lo. Só mais tarde o ex-colega caluniador, já trabalhando e tomando conhecimento do seu gesto de grandeza moral, pediu-lhe perdão, e tornaram-se amigos. Medite, portanto, prezada leitora, nos ensinos de Jesus e no nobre gesto do nosso amigo, pois, segundo um benfeitor espiritual, a mais alta demonstração de amor a Jesus, em relação ao próximo, é amar alguém que tudo fez por não merecer. Enfim, ame o seu familiar; perdoe-o e ore a Deus para ele se tornar melhor. 
(*) Vice- presidente da FUNTARS,
( no Jornal Extra, ed.   08/01/2012 )