Ciência Admirável
Qual potente farol varando a noite escura
Em que a sombra do mal reinava soberana,
Brilha o sol da verdade eterna que promana
Da mensagem do Cristo, restaurada e pura.
É o fulgor celestial da obra kardequiana
Cujas bases factuais, em lógica estrutura,
Vêm revelar a vida além da sepultura
E as vidas sucessivas na experiência humana.
Corolário moral da messe iluminista,
Eis a Ciência Admirável, transcendente e forte,
Tal por René Descartes fôra já prevista.
Desde então, a razão, da fé, se fez suporte
E o homem pôde ver, além da própria vista,
A marcha triunfal da vida após a morte.
Aureci Figueiredo Martins, Porto Alegre/RS; aureci@globo.com
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Base histórica:
O rigoroso inverno de 1619 imobilizou o exército de Maximiliano da Baviera. Um percalço
militar irrelevante para o desfecho da Guerra dos Trinta Anos, que ensangüentaria a Europa, mas que teve inesperada e decisiva importância para a Filosofia e a ciência moderna.
René Descartes, jovem francês de 23 anos engajado nas tropas bávaras, aproveitou o frio para se isolar em um quarto de estalagem nas cercanias de Ulm, na Alemanha, e - como era de seu gosto - passar dias em atividade intelectual.
Na madrugada gelada de 11 de novembro, as centelhas de seu cérebro explodiram em sonhos
agitados - em um deles, o Espírito da Verdade lhe abria os tesouros da Ciência. Na manhã seguinte, entusiasmado, Descartes concluiu estar no limiar de uma “ciência admirável".